O inevitável resgate financeiro de Portugal

Houve uma inevitabilidade sobre a decisão de Portugal em ter aceite o resgate da União Europeia para sobreviver à crise financeira cada vez mais onerosa.

O momento-chave foi quando Lisboa anunciou os resultados de um leilão de títulos. O dinheiro foi levantado a partir dos mercados, mas a um preço exorbitante, e o governo português foi confrontado com uma escolha simples: 
  • pedir emprestado aos mercados à taxa de 10%
  • pedir emprestado à União Europeia a metade dessa dessa taxa.

Os políticos andaram meses a declarar ao país que não existiria qualquer resgate financeiro ou alteração política e de repente torna-se claro que os acontecimentos saíram fora do controlo do governo.

Quais as consequências?

Primeiro lugar
Certamente não significa que a vida ficou mais fácil para Portugal, como os gregos e os irlandeses também podem testemunhar. 

Esta ajuda financeira proporcionada pela troika vem com amarras, 

Amarras da troika
Amarras da troika


e essas cordas significar o tipo de austeridade que levaram ao colapso do governo de José Sócrates. 

Em segundo lugar
Esta ajuda financeira não vai mudar o problema estrutural de uma economia que vive lutando para se manter competitiva dentro da união europeia. 

O custo dos produtos portugueses aumentou mais rápido que os da Alemanha, tornando-se menos competitiva, e, sem a válvula de segurança de desvalorização da moeda (já não existe a política cambial) e não será um período alargado de tempo com medidas austeras e com deflação que irá reduzir os custos domésticos.

Outras greves e agitações sociais se avizinham.

Em terceiro lugar, o tempo é importante

Será que o Banco Central Europeu (BCE) vai aumentar a taxa de juro dos empréstimos?

O BCE está alarmado com as recentes tendências da inflação e vai responder, tornando mais caro o empréstimo em curso, embora na última reunião do Conselho do BCE, a 1 de agosto, tenha decidido manter inalteradas as taxas de juro directoras.

Maiores taxas de juro para atacar a inflação provocam a desaceleração do crescimento e empurram para cima o custo do serviço da dívida: 

Esta é a pior notícia possível para a Grécia, Irlanda e Portugal, que estão a gerir dia-a-dia com elevados défices orçamentais e com as economias em recessão. 

O relatório de agosto do Conselho do BCE indica uma "estabilização da atividade em níveis reduzidos".

Finalmente temos Espanha

Aqui, a notícia foi melhor, com o diferencial entre as obrigações espanholas e alemãs a estreitar ligeiramente num momento em que os rendimentos da dívida portuguesa e irlandesa têm vindo a aumentar. 
A esperança é que Espanha se tem afastado de Portugal, apesar do baixo desempenho da sua economia.

Bruxelas espera que esta perspetiva esteja correta, porque Espanha é uma realidade diferente de Portugal:

É grande demais para falir e grande demais para salvar.

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João Pires autor