Assédio Moral no sector financeiro português

O sector financeiro português, ao longo do último quartel, tem sido alvo de profundas transformações regulamentares e reestruturações organizacionais, dada a tendência da globalização da actividade financeira em Portugal, enquadrada no âmbito da União Europeia, bem como o impacto das novas tecnologias.

Por outro lado e mais recentemente, assistem-se a alterações não menos importantes na legislação e mais concretamente no Código do Trabalho no sentido de aligeirar os vínculos contratuais.

A crescente segmentação do sector financeiro tem vindo a dar origem ao surgimento de novas formas particulares de trabalho e emprego, quase sempre trabalho precário, como o trabalho temporário ou a tempo parcial, à subcontratação de várias actividades, por vezes em áreas-chave do negócio financeiro, em particular na banca portuguesa, como o atendimento ao público, mas também em serviços centrais como as operações, arquivo, correspondência, informática e serviços de medicina do trabalho, a terceirização (outsourcing).

No caso da contratação com termo ou ser termo de jovem à procura do primeiro emprego e estágios profissionais, podem as empresas beneficiar de incentivos e apoios financeiros que oscilam entre 2.500 eur e 4.000 eur, a título de subsídio a fundo perdido, pela criação do posto de trabalho, bem como a isenção do pagamento das contribuições à Segurança Social a cargo da empresa, durante 36 meses. 

Em simultâneo e perante um mercado de trabalho exigente mas precário, verifica-se a ausência de organização e falta de reivindicação por parte dos trabalhadores do sector financeiro, em particular dos empregados bancários, tendo em conta o clima de insegurança no trabalho, o qual tem pesado para desmobilizar a capacidade de responder colectivamente às transformações em curso.

O medo sobrepõe-se à luta pela dignidade e pela defesa do posto de trabalho.


por Joao Pires




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